Ata informacional - Mesa Redonda 3: Situação jurídica das Diretrizes Currículares Nacionais para Licenciaturas em Ciências Naturais

Ata informacional - Mesa Redonda 3: Situação jurídica das Diretrizes Currículares Nacionais para Licenciaturas em Ciências Naturais

Ata da Mesa Redonda 03

Situação jurídica da construção das DCN’s para a LCN

Aos três dias do mês de outubro de 2012, no auditório do bloco Paulo Bührnheim, às 18h30min foi realizada a mesa redonda: Situação jurídica da construção das DCN’s para a LCN, mediada pela professora Irlane Maia de Oliveira, que inicia sua fala dando boas-vindas aos presentes. Professor João Medeiros se apresenta e inicia a sua fala dizendo que entendeu a necessidade da discussão dos estudantes do curso. Este evento tem uma agenda e precisa ser respeitada[1]. Quando programarem um evento, participem da agenda e façam-na se cumprir. Façam de uma forma que não se transpareça para o público as falhas. Nesta crise que vocês vivenciam, precisarão cumprir uma agenda.

As discussões passadas pelo Saulo e Irlane me fizeram ver que todos querem o melhor dos dois mundos, mas nem sempre é possível. A primeira pergunta que faço ao meu cliente: o que ele quer. Se avançarem na discussão sem saber o que se quer ficará difícil. Querem em primeiro momento se tornarem biólogo, físicos, químicos. Partindo disso, cria-se uma identidade. Se não quer ser professor, tranque o curso. Prefiro ser professor a advogado porque pra mim é uma responsabilidade maior, e eu gosto de responsabilidades. Pelo que li deste curso é pra formar professores. Se os graduandos não querem ser professor, mudem de faculdade, pois quando continuam, fragilizam o curso, fazendo com que este fique marginalizado. Preciso definir a linha de trabalho. Sendo bem direto o que se quer é a garantia de mercado. Todos querem, sejam professores, químicos, etc. Aqui não deve ser diferente.

Não quero ninguém tomando meu espaço e eles também não me querem tomando o espaço deles. Quem de vocês poderia dizer aqui dos alunos: quanto é absorvido no mercado de trabalho dos licenciados formados? Quanto à rede pública absorve? Resposta: 100%. As contas nem sempre são certinhas. Ou tão faltando profissionais ou é o contrário.

Quantas IES formam pra este curso? Sem um banco de dados do que é esse mercado, de como o profissional chega ao mercado na iniciativa pública e privada, não se vai ter avanço. A argumentação parte dos números. É preciso pensar como está o mercado. Por que determinada escola contrata ciências naturais e não biologia? Sem este tipo de informação, vocês vão ficar patinando nestas questões.

É preciso discutir nas câmaras de ensino a delimitação do curso. Pra que o curso foi criado? Que objetivo? Pro ensino médio a briga pode ser perdida porque eles não dão margem. Três pontos de discussão: Cognição; Maturidade. Que fase que o aluno está vivenciando? Que tipo de professor está apto a ensinar neste segmento? Há uma questão generalista no curso de Ciências Naturais.

Metodologia de ensino aplicada ao perfil do aluno: interdisciplinaridade, aulas de campo. Pessoas dos cursos de licenciaturas me disseram que são objetivas, querem o ensino médio porque lá o aluno tem uma base que você se aprofunda, depois tem vestibular e você o prepara pra isso. O perfil do professor precisa definir qual a competência, qual as habilidades que esse profissional vai desenvolver, observando o que o profissional de química, física e biologia faz, para se ter separação. Caso contrário, não vai dar certo porque todos querem uma fatia do bolo. Vocês devem estar querendo uma fala mais jurídica, mais pra isso é preciso falar de sociologia, psicologia, estar fundamentado é o ponto de partida.

Verifiquei com a professora o equilíbrio das áreas no currículo de vocês.  Eu tento adequar meu linguajar jurídico ao público que está na minha frente. O professor de ciências não é preparado pra ter idéias inovadoras. Isso quem faz é o biólogo, o químico, o físico. Mas isso não significa que se deve reproduzir o que está posto no livro. Você tem que dar ao aluno o conhecimento geral, a interligação de conceitos.

Com relação ao aspecto jurídico, você tem nível ou modalidade de ensino, aí eu tenho base pra fazer link com o cognitivo. Se a lei diz que eu preciso respeitar esta modalidade de ensino, preciso saber pra que esta foi criada. Estou falando com pessoas aqui que em consciência da formação do curso, que vão militar nesta área. Não vou conseguir alcançar com a minha fala aqueles que estão com os pés em outras licenciaturas. O fundamento de toda esta discussão ta dentro do próprio PPP do curso.

A justificativa de um PPP de uma faculdade de outro estado é que havia necessidade daquele profissional, escasso até então no mercado de trabalho. Com as discussões houve aprofundamento nas discussões em Piaget. Se você tem ensino fundamental e médio, por que houve esta separação? Pra isso tem uma base científica.

No aspecto organizacional: ventilou-se a possibilidade de criar um conselho que pudessem defender e fiscalizar estes profissionais. Eu acho pouco provável que isso aconteça por diversas questões. O passo inicial já foi dado. Discutir as entranhas de ciências naturais: quem eu sou? Pra onde eu vou? Com isso, vocês começam a ganhar o devido espaço. O conselho hoje seria improvável, primeiro por que não se tem conselho federal de professor. Como CN é “generalista”, não se tem pontos de apoio. Têm-se sindicatos, associações, que podem ser o caminho. Agora, não será se faltar um banco de dados. Tem que te informação e formatação pra trabalhar as informações que são postas no mercado por região em locais privados e públicos. Questionar os números para saber qual o futuro do curso. Por que determinadas IES não tem o curso, se este profissional é tão importante?

É preciso buscar as escolas pra saber se estão absorvendo este profissional e se não estão, por que não estão absorvendo? Sem estes questionamentos vai ficar complicado avançar. O que se quer aqui é garantia de mercado pra categoria. Precisa-se mostrar uma organização efetiva. A questão de um conselho é que não vejo como hoje se sustentar até porque não há uma ciência específica no curso de ciências naturais por ser generalista, mas isso não é pejorativo porque pode dar a impressão que não se sabe nada ou se sabe de tudo um pouco.

O curso tem valor, mas é preciso que se organize pra ganhar sustentação. Qual a utilidade do documento que vocês vão elaborar? É preciso fazer as mudanças necessárias, saber pra onde se está indo. Quais os fundamentos? Vocês vão levar a discussão para um órgão e o documento será analisado por alguém que tem formação sólida na área. Se não tiver fundamento sólido, vai ser mais um daqueles que ficarão nas pastas suspensas que dormitarão por mais cem anos. Não são documentos que vão mover o processo.

Quando o documento for elaborado, vocês precisarão ter clareza. É preciso fazer um estudo de tudo que está acontecendo com o curso até hoje, fases de desenvolvimento, pra onde os profissionais estão indo, pra que quando o técnico olhe, pense: aqui eu tenho um trabalho, e não só mais um documento.

O aspecto jurídico é importante, mas pode não ser essencial. Qual a perspectiva de alunos nesta faixa etária em média de dez anos, levando em consideração a taxa de natalidade. Tudo que é trabalhoso começa a desmotivar. Criam-se grupos de trabalhos menores para ter fundamentação. Todos os PPP’s carecem de formação. Pra isso é preciso discutir com outros centros de formação, com alunos e professores para se chegar às câmaras superiores de ensino. Pergunta: Dentro de Ciências Naturais, o que foi percebido dentro de estudos de habilidades e competências, eu vejo varias possibilidades do professor atuar no ensino médio com Física e Química.

Em sua opinião, quais argumentos desconstruiria a atuação desse profissional no ensino médio como física, química e biologia? Resposta: Os profissionais que estão nos conselhos de química, física e biologia estão organizados numa autarquia federal, que consiste em fiscalizar todos aqueles que estão associados. Esta é a primeira restrição. Isto ainda não foi dado aos profissionais de Ciências Naturais. Não se delimitou. Como poderia fazer isso? Poderia ser uma resolução do MEC, um projeto de lei. Não existe lei especifica que impeça. O que temos são conselhos que tem mais forças que ciências naturais. Um aprofundamento técnico deles que acaba teoricamente alcançando vocês. Esse aprofundamento do conhecimento fragiliza o curso de ciências naturais.

As categorias se organizam pra criar limites, que devem surgir do MEC. Agora, eles só vão fazer isso quando vocês organizarem e solidificarem as informações.

Pergunta: O estudante de direito deve achar que vai ser apenas advogado? O estudante de direito tem capacidade pra ser juiz, promotor, doutrinador, presidente da república?

Resposta: Aqui a questão não é o bacharel em direito. Todos podem ser muitas coisas, mas pra lidar com as leis precisa ser um técnico. O primeiro passo é ser bacharel em direito. Segundo no mínimo três anos na advocacia e passar num concurso público.

Estudante UnB: neste encontro o que se verificou é que os professores querem o curso de ciências apenas pra atuar no ensino fundamental. Dentro da realidade do Brasil isso não se aplica.

Professora Irlane Maia: O que me inquieta é a não legitimação pra participar do ENADE. Como somos avaliados pelo MEC como? Uma vez apenas o curso de ciências naturais foi avaliado pelo curso de biologia. No mercado de trabalho quem domina é ciências naturais. Temos competência pra atuar no mercado de trabalho. Como vamos me identificar como curso de ciências naturais com tantos currículos distintos? Fazer valer no MEC a existência do curso por meio do ENADE. Na ausência de professores quem assume é o professor de ciências.

Professor João Medeiros: O que vai dificultar a ação de vocês é os outros de Física, Biologia e Química. Esse é o paredão que tá construído. Se apodere daquilo que é de vocês. O que vocês carecem é de regulamentação. O que eu disse não é verdade absoluta. Foi apenas um panorama.

Por fim, não havendo mais manifestações, finalizou a reunião lavrada na presente ata.

 

 

 


[1] O horário inicial não foi seguido devido a solicitação de oportunidade de palavra por estudantes que ao fazerem uso da mesma solicitaram a abertura de plenária extraordinário que foi concedida pelos presentes, em que durou das 17:15 horas até 18:30 horas. Neste interim, um dos debatedores não pode mais permanecer para a mesa redonda devido compromisso assumido.